Em um importante evento, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) trouxe à tona casos chocantes de pacientes que sofreram sequelas graves após procedimentos realizados por pessoas não qualificadas. A 2ª Conferência Estadual da Lei do Ato Médico, realizada em 15 de abril, foi palco de debates acalorados sobre o exercício ilegal da medicina em áreas críticas como Anestesiologia, Oftalmologia, Acupuntura e Ortopedia.
O evento, que mesclou participações presenciais e online, atraiu centenas de profissionais da saúde e autoridades. O ponto alto foi a participação do ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, que trouxe uma perspectiva jurídica para o debate.
“Estamos diante de uma epidemia silenciosa”, alertou a Dra. Irene Abramovich, presidente do Cremesp, durante a abertura do evento. “Pessoas sem a devida formação estão colocando vidas em risco, e precisamos agir agora.”
Entre os casos apresentados, destacou-se o de uma jovem que ficou cega após um procedimento estético realizado por um falso oftalmologista, e o de um atleta que perdeu os movimentos das pernas devido a uma cirurgia ortopédica mal sucedida.
O Dr. Angelo Vattimo, 1º secretário do Cremesp, enfatizou: “Não se trata apenas de proteger nossa profissão, mas sim de garantir a segurança da população. Cada caso aqui apresentado é uma vida impactada, uma família destruída.”
A conferência, que está disponível no canal do YouTube do Cremesp, promete ser um divisor de águas na luta contra o exercício ilegal da medicina. As autoridades presentes sinalizaram que medidas mais rigorosas estão a caminho para coibir essas práticas ilegais.
Acupuntura
Angelo Vattimo, 1º secretário do Cremesp, liderou a discussão ao lado de Eliane Aboud, diretora do CMAeSP e coordenadora da Câmara Técnica de Acupuntura, e outros profissionais de destaque, incluindo representantes do Hospital das Clínicas da FMUSP e do Colégio Médico de Acupuntura.
Durante o debate, foram apresentados casos alarmantes de complicações sérias resultantes de procedimentos de acupuntura realizados por não médicos. Um dos casos mais impactantes envolveu pacientes que necessitaram de internação em UTI devido a pneumotórax causado por agulhamentos inadequados.
Eliane Aboud compartilhou um caso recente e preocupante: uma jovem que deu entrada no Pronto-Socorro com dor torácica e dificuldade respiratória, sintomas que se iniciaram apenas 6 horas após uma sessão de acupuntura realizada por um fisioterapeuta.
O Dr. Hong Jin Pai, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP, enfatizou a importância da formação médica adequada para a prática segura da acupuntura: “A acupuntura é uma técnica terapêutica poderosa, mas requer conhecimento profundo de anatomia e fisiologia para evitar complicações graves.”
O Dr. Marcus Pai, diretor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura, ressaltou a necessidade de regulamentação mais rigorosa: “Para tratar problemas musculoesqueléticos, dor ciática, síndrome do periforme, tendinopadia, por exemplo, o agulhamento é mais localizado e profundo, com estimulação com eletroacupuntura, ou seja, com aparelho elétrico ou estimulação manual. É preciso ter conhecimento de anatomia para saber tratar. A acupuntura é indicada para várias patologias, mas é preciso saber os limites de cada tratamento. Não podemos retardar outros procedimentos convencionais que sejam necessários”, garantiu.
O debate no Cremesp serve como um alerta importante para o público e para as autoridades de saúde sobre os riscos associados à prática da acupuntura por não médicos. A discussão evidencia a necessidade urgente de maior regulamentação e fiscalização nesta área da medicina alternativa, visando garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes.
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